REDUTO DO FUTEBOL ARTE: O PALÁCIO REAL, A VILA BELMIRO


Rua Princesa Isabel S/N, bairro Vila Belmiro, Santos/SP  é a localização que faz o coração de milhões de pessoas ao redor do mundo baterem mais forte. Neste endereço, parte importante da história do futebol mundial foi escrita. Ali, foi construído o Estádio Urbano Caldeira, conhecido carinhosamente pelo nome do bairro em que habita: Vila Belmiro. 

Em 12 de outubro de 1916, foi inaugurado o local que abrigaria o time que levava o nome da cidade, fundado 4 anos antes. Mas, até então o lugar não tinha nome e passou a ser chamado oficialmente de Urbano Caldeira, apenas em 24 de março de 1933, dias após a morte do então primeiro secretário alvinegro e figura importante na história santista.

O que ninguém imaginaria é a proporção que a Vila tomou com o passar dos anos, com cada “Menino” que surgiu e brincava de jogar futebol em seu gramado.

O futebol pode não ter sido criado no Brasil, mas o futebol arte pode ter certeza que sim. Há quem duvide que a Vila Belmiro tenha uma mística e não dá para negar que este local é abençoado pelos deuses do futebol, onde a magia acontece, onde a teoria de que “um raio não cai duas vezes no mesmo lugar” é quebrada, até porque, aqui cai uma, duas, três… A prova disso é que aqui surgiram Pelé, Pepe, Dorval, Mengálvio, Serginho Chulapa, Edu, Neymar, Diego, Robinho, Rodrygo e tantos outros que marcaram seu nome no futebol brasileiro e mundial.

Ao longo de sua história, 19 títulos foram conquistados no estádio e o mais recente foi o Campeonato Paulista de 2016, o último título conquistado pelo Peixe. Mas nesses quase 105 anos de existência do Alçapão, alguns momentos importantes marcaram a memória dos torcedores. Como por exemplo, a lotação máxima de 32.986 pessoas no duelo entre Santos x Corinthians em 1964, a chegada de helicóptero da Taça do Paulistão em 2006 e a de Robinho acompanhado por Pelé em 2010. A comemoração após o título da Libertadores de 2011, o amistoso contra o Benfica que marcou a comemoração do Centenário da Vila e tantos outros.

Foto: Divulgação/Internet

Mesmo com aspecto antigo, arquibancadas de concreto, longe de ter o “conforto” dessas arenas modernas, a Vila tem a sua beleza e tradição. Impõe respeito, fazendo com que a essência do verdadeiro futebol arte ainda se mantenha viva. Pode até ser pequena, é verdade, com capacidade para um pouco mais de 16 mil pessoas, mas amedronta qualquer adversário que pisa em seu gramado e recebe da forma mais acolhedora aqueles que carregam o escudo santista no peito.

A Vila é o nosso templo sagrado. Ela está para o santista como Meca para os muçulmanos, Jerusalém para os judeus e o Vaticano para os católicos.” – Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro (Ex-Presidente – In memoriam)

Cá entre nós, nada melhor para um torcedor do que acompanhar um jogo do seu time no estádio. E no Alçapão o clima é diferente. Seja lá de onde você vem, seja de cidades da Baixada, da própria cidade de Santos, de São Paulo ou de outro canto do Brasil, chegar entre o “canal 1 e o canal 2” e ver as placas de sinalização da Vila Belmiro faz com que o coração bata mais forte.

Ao passar pela catraca e subir as arquibancadas, a sensação de acolhimento e de estar em casa fala mais alto. Vai muito além de ser um espaço para assistir futebol, é um lugar que conecta vidas, histórias e energias.

Digo com propriedade que “cresci” ali. Desde os meus 6 anos de idade a Vila Belmiro é a minha segunda casa. O lugar que costumo ir na metade da semana e no fim dela. Onde fiz amigos, onde já chorei, gritei, vibrei, sorri e vivi momentos importantes, comemorei títulos, conheci o amor da minha vida e recebi o pedido de casamento.

Quem a conhece se apaixona, se encanta e faz valer a frase que “um bom filho à casa torna”, até porque eu sempre voltarei. Nem todas as arenas do mundo chegarão aos pés da tua gloriosa história. E mesmo sabendo que em breve você também será repaginada, a memória dos bons momentos vividos na Vila Belmiro “raiz” sempre prevalecerá.

O problema não é e nunca foi você, Alçapão, mas o futebol se modernizou e nós também precisamos nos modernizar. Mas para ser sincera, prefiro você assim, do jeito que é.

Por fim, mas não menos importante, hoje, 14 de abril, o Santos Futebol Clube completa 109 anos “de um passado e um presente só de glórias”. 

E parafraseando o nosso hino, sou alvinegra da Vila Belmiro e vivo o Santos!

por Carolina Ribeiro

Fontes: Almanaque do santos FC e Centro de Memória e Estatística do Santos FC.


*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.


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