ARENA DA BAIXADA: O TEMPLO DA PAIXÃO ETERNA


“Se eu fechar os olhos, consigo facilmente me transportar para o meu TEMPLO DA PAIXÃO ETERNA”

Foto: Athletico Oficial

De todos os títulos que o torcedor do Athletico Paranaense ostenta, um deles é o de poder chamar a Arena da Baixada, de casa.

Antes mesmo de ganhar seu nome oficial, o estádio era popularmente conhecido como A Baixada do Água Verde, nome do bairro em que fica localizado, na cidade de Curitiba, e nesse estádio idealizado por Joaquim Américo Guimarães, na década de 1910, quem mandava os jogos era o Internacional Foot-Ball Club, time que Joaquim Américo era Presidente.

Após a fusão do Internacional com o América, outro time da cidade, em 26 de março de 1924 surgiu o Club Athletico Paranaense, e em homenagem ao idealizador da Baixada, o nome oficial do estádio passou a levar o nome de Joaquim Américo Guimarães, a casa do Athletico Paranaense.

E foi naquele TEMPLO DA PAIXÃO ETERNA, que entre reformas de ampliação e brigas judiciais ao longo das décadas que se seguiram, sortudos atleticanos viram as jogadas plásticas e poéticas de seu maior ídolo e artilheiro: Sicupira. Foi naquele palco teatral que os rubro-negros viram a dupla Washington e Assis, o casal 20, fazer sua dança em campo.

Também foi das arquibancadas da Baixada que, em 1978, os atleticanos viram Ziquita virar Santo. Em um jogo difícil, em que o Athletico perdia pelo placar de 4 a 0 para o rival Colorado, Ziquita entrou aos 23 minutos do segundo tempo e marcou 4 gols seguidos, empatando a partida e impedindo um verdadeiro vexame. Esse jogo foi o suficiente para transformar Ziquita em Herói do Povo, e o acontecimento em história, que é contada ano após ano às novas gerações. Aliás, esse acontecimento fez a capacidade da Baixada triplicar de tamanho, pois se contabilizarmos todos os atleticanos que afirmam veementemente terem presenciado esse acontecimento, poderíamos lotar três Baixadas da época.

Foto: Athletico Oficial

Chegaram os anos 90 e com ele, uma nova Era no Furacão. A essa altura, o “Caldeirão do Diabo”, já era conhecido no país por botar pressão nos adversários e jogar com o time. Junto das conquistas do Atlético, como o primeiro título nacional em 1995 e a primeira participação na Libertadores da América em 1999, naquele mesmo ano a Baixada ganhou um prenome muito importante para sua nova trajetória: com muito planejamento e estudo, a diretoria da época construiu o estádio mais moderno na América Latina da época. Nascia ali a Arena da Baixada.

A inauguração foi um daqueles momentos marcantes na vida de todo torcedor, e nem era pela partida que, por ser comemorativa, foi relegada a um segundo plano, embora, é claro, a vitória por 2 a 1 em cima do Cerro Porteño tenha sido crucial para batizarmos a nova Arena da Baixada com toda a sorte do mundo. Mesmo uma criança de 9 anos (eu mesma), entendia a importância daquele dia, daquele momento e de todos os sons, luzes, cores, cheiros e vozes que ecoaram daquele lugar. Mesmo uma criança de 9 anos tremeu dos pés à cabeça e entendeu que ali não era só a Arena da Baixada. A partir daquele dia, ALI ERA SUA CASA.

Foto: Athletico Oficial

Nos anos que se seguiram, a Arena foi importantíssima para as conquistas do Atlético. O jogo da final do Brasileiro de 2001, embora não fosse a finalíssima, entupiu cada pedaço livre de arquibancada, com atleticanos entoando hinos e empurrando o Furacão rumo à vitória gigante sobre o São Caetano, por 4 a 2.

Em 2005, não só os atleticanos, mas a ARENA chorou. Sim, esse ser quase que personificado e com sentimentos, não pôde presenciar a maior conquista do seu Clube até então, e mesmo buscando adaptar sua lotação para adequar-se às exigências do órgão máximo do futebol sul-americano, viu aquele que seria o seu maior show ser transferido para bem longe. Sem o seu apoio e o apoio dos aficionados rubro-negros, o Atlético foi vice campeão da Copa Libertadores da América.

Chegando à adolescência, a nova Arena já não era tão nova assim, e para adequar-se novamente às exigências, agora da FIFA, passou por uma reforma gigantesca, e abrigou 3 jogos da Copa do Mundo de 2014. Um feito para a si, para a cidade e para todos os atleticanos.

Em um momento mais recente, a Arena da Baixada, agora com teto retrátil e com o controverso gramado sintético, passou por muitas alegrias e presenciou momentos históricos. A Arena da Baixada viu o Furacão das Américas ser campeão continental, em 2018, em um jogo dramático, digno de Shakespeare. Contra o Junior Barranquilla, a Arena da Baixada, com um recorde de público, explodiu quando Barreira errou um pênalti contra o Atlético, que se convertido tiraria a taça das terras paranaenses. Certamente a magia da Arena da Baixada, aquela mesma que em 1978 fez Ziquita marcar 4 gols seguidos, foi a responsável pelo feito.

Foto: Athletico Oficial

Ela ainda pôde ver o Furacão vencer do time do Boca Juniors, por 3 a 0, com hat-trick de Marco Ruben, um Argentino, e presenciar uma remontada histórica em cima do Grêmio Porto Alegrense, quando, desenganado por todos, o Athletico reverteu o placar do primeiro jogo e venceu o time gaúcho nos pênaltis, ficando com a vaga da final na Copa do Brasil de 2019 e, posteriormente, com o título.

Depois de 2 anos intensos, a Arena da Baixada precisava mesmo de um descanso e em razão da pandemia da COVID-19, em 2020 e 2021, não pôde receber seus torcedores. Como forma de diminuir a dor, levamos faixas e bandeiras e nos sentimos ali representados. Esse foi, e continua sendo um momento de aflição e principalmente de saudades para todo torcedor, que carrega no peito um carinho inexplicável por esse lugar, que, não ao acaso, chamamos de casa.

Por Daiane Luz

Fonte: Athletico Oficial; Heriberto Ivan Machado e Milene Szaikowski. Estádio Joaquim Américo – Arena da Baixada – 100 anos. Curitiba/PR, Natugraf, 2014.

*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não representam, necessariamente, a opinião do Portal Mulheres em Campo.


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