Foto: Extraída da Internet
Um dos maiores momentos do futebol é o início de um torneio. O torcedor faz as contas, analisa a equipe e se prepara para a resenha ao longo da competição. No maior Campeonato Nacional do Mundo, o Brasileirão, a ansiedade e apreensão são grandes, mas em 2020, parece que já entramos em campo sendo goleados.
De maneira precoce e desenfreada, as atividades têm sido retomadas em nosso país, e o saldo pode ser ( e é) catastrófico. No início da rodada, protocolos teoricamente sendo seguidos e jogos cancelado por alta contaminação. O alerta soou. Gritou. ATENÇÃO. E o que vimos? Interesses econômicos se sobressaindo e mais uma vez a vida deixada de lado. Vivemos a mais pura banalização da vida.
Atletas são-paulinos sendo informados sobre a situação dos adversários. Foto: SPORTV
Para se ter uma ideia, segundo o portal ge.com, mais de 150 atletas da elite do futebol já testaram positivo para o covid-19. Até onde vamos? Até onde você vai dona CBF?
Os casos se multiplicam diariamente dentro e fora dos gramados. No país o número de contaminados é surreal e o de mortos pisca incessantemente com mais de 6 dígitos – a marca de 100.000 mortos foi atingida no mesmo final de semana do início do Brasileiro. Árbitros, funcionários, atletas, pais, filhos, maridos, pessoas atrás de pessoas sendo contaminadas e o país insistindo em agir como se houvesse uma normalidade, ou tentando buscar essa utopia. O que nos fará parar? Quem nos fará refletir? Até que ponto a paixão nacional nos cegará?
Corinthians e Palmeiras disputaram a final do Paulistão no sábado (08), e nesta terça-feira (11), o alvinegro anunciou a contaminação de dois atletas e um funcionário. Gil, titular absoluto da zaga alvinegra, eleito um dos melhores defensores da competição é um dos infectados. O xerife corinthiano esteve em campo, concedeu entrevistas e só poucas horas antes da concentração para o duelo com o Atlético- MG soube de sua contaminação. Quantos não estiveram contato com Gil? E quando questiono, penso também nos adversários palestrinos que estão expostos ao mesmo risco. Léo Natel é o outro infectado; cabendo ressaltar que até aqui o Corinthians já teve mais de 23 atletas contaminados.
Fonte: Globo Esporte
Na série B, 18 atletas do CSA foram contaminados em menos de uma semana. O clube alagoano possui apenas 13 atletas saudáveis, o que impossibilita sua atuação no campeonato. Segundo epidemiologistas da USP, Guarani, CRB, CSA e Juventude são transmissores da Covid. Mesmo diante de tal situação, a CBF se negou a adiar inicialmente a partida, afirmando que “as delegações já estavam em hotéis cumprindo os protocolos”.
Sem uma ação preventiva, o árbitro Denis Serafim que estava escalado para Ponte Preta x América, no Canindé, recebeu seu diagnóstico positivo dentro do avião. Denis e o auxiliar Maxwell haviam trabalhado na decisão do Campeonato Alagoano, que envolveu justamente CRB e CSA. Preciso falar em absurdo?
A testagem é demorada e muitas vezes inconclusiva. Depois dos testes corrompidos do Bragantino, agora nos deparamos com o atraso nos diagnósticos esmeraldinos. A vergonha foi exibida em TV aberta para o mundo todo ver o circo que o Brasil arma para o Corona se destacar, com adversário em campo e questionamento sobre um possível WO. WO? Até que ponto seremos medíocres e mesquinhos?
A CBF afoita em lucrar e manter o torneio anunciou mudanças no processo de testagem. Os exames deixam de ser realizados no Albert Einstein em São Paulo, e passam a ser feitos pelos próprios clubes. Além disso todos os atletas serão examinados e não só os relacionados. O que preocupa é o empurra-empurra, o tirar o corpo fora e seguir jogando com esse vírus, como a Alemanha jogou pra cima do Brasil em 2014. Todo dia um 7 a 1.
É fácil culpar os laboratórios, falar em terceirização, mas será que ninguém pode ainda pensar que estamos falando de vidas? O que precisaremos viver para saber parar, para questionar a loucura que estamos vivendo e expondo seres humanos?
Bem meus caros, ficam as perguntas no ar…
Por Mariana Alves
FONTES:
Globo Esporte
UOL Esportes
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna não refletem, necessariamente, a opinião do Blog Mulheres em Campo.