FUTEBOL SEM BOLA, SOU EU ASSIM SEM VOCÊ


FELIZ DIA DOS PAIS, PAI!!

 Nada do que foi será… De novo do jeito que já foi um dia

 (Foto Arquivo Pessoal Nivacir do Valle)

Já dizia aquela velha música conhecida por todos nós: “futebol sem bola… Sou eu assim, sem você”. O verdadeiro sentido dessa frase resume quem é apaixonada por futebol e perdeu seu pai. 

Hoje (9), é comemorado o dia dos pais. Dia daquele que geralmente é o motivo de sermos apaixonadas por futebol e pelos nossos clubes do coração. Algumas pessoas costumam falar que o fanatismo pelo futebol “começou do nada”, não consigo me referir dessa forma. Foi meu Pai quem me ensinou a torcer e quem me levou ao estádio pela primeira vez.  

Foi meu pai quem me deu minha primeira camisa, foi meu pai quem me ensinou a cantar o hino e todas a musicas de apoio e de “cobrança” da torcida. Meu pai me explicou o que era impedimento, desde muito cedo, para jamais aceitar aquela velha frase machista “tá gosta de futebol, mas sabe o que é impedimento?”. Sim sei, afinal, desde criança tive o melhor professor para me ensinar. 

A nossa seleção é e sempre será  rubro-negra 

(Foto Arquivo Pessoal)

Lembro dos primeiros jogos que fui, ainda criança, tinha aquele velho ritual. Pintar os rostos com as cores do Athletico, colocar a camisa igual a dele e partíamos para o estádio, eu, ele e meu irmão mais velho. Chegavamos na Arena – era todo jogo a mesma coisa, entrávamos duas horas antes do jogo, isso para não perder o lugar preferido do meu pai no estádio. Aquele lugar está marcado até hoje, e não com o nome, como os sócios torcedores têm direito hoje em dia.  Marcado porque ali ficamos durante muitos anos, em todos os jogos do Furacão. A Buenos Aires superior bem na direção do gol, era nosso “point”. 

Como sempre chegamos antes, o ritual era sagrado: meu pai comprava pipoca, guaraná e o sorvete de abacaxi. Para algumas pessoas isso “é normal” e realmente é normal, mas ali que começou um grande amor pelo meu time. Víamos juntos fases boas e ruins do Athletico. Em vários momentos comemoramos com alegria um título. Tivemos fases ruins também, mas sempre tinha meu pai ao lado para falar: “Filha, ano que vem tem mais, não precisa chorar.”

Saudades da nossa PAI-CERIA (Foto Arquivo Pessoal)

Cansávamos de chegar atrasados ou até mesmo não ir aos encontros da família por conta dos jogos. Pelo fato do meu pai sempre trabalhar no meio do futebol, os jogos se faziam presentes na nossa vida mais do que muita gente. 

Em época de copa do mundo, todo mundo se vestia com as cores da seleção brasileira, mas ele sempre colocava roupas do Athletico em mim. E ainda falava: “filha essa é a nossa seleção”. Acho que por isso que meu amor pelo rubro-negro sempre foi maior do que pelo Brasil -risos-.

Durante toda a minha infância era o mesmo ritual, ouço desde essa época a frase “Nossa mas é igualzinha o pai mesmo, até com isso de futebol”. Graças a Deus sou mesmo e me sinto privilegiada por isso. Posso falar que por mais de duas décadas dividi com meu pai o amor pelo rubro-negro. 

Enganasse quem acredite que não brigávamos por conta desse fanatismo todo. Eu inocente acreditava que entendia mais de futebol que ele -risos-, escutei durante muito tempo: “Presta atenção menina, não está assistindo?”. Mas algo que sempre vou me recordar é de quando ele “previa” o que iria acontecer: “Filha, se não cuidar vamos tomar um gol em menos de cinco minutos”. Dito e feito, mas da mesma proporção que acertava quando iríamos levar gol, acertada quando fariamos. 

O que vivemos, ninguém irá tirar de mim

 (Foto Arquivo Pessoal)

Posso ficar por horas escrevendo e lembrando de todos os nossos momentos, da ligação de pai e filha. Costumo falar que o amor pelo futebol nos uniu e para sempre ficará guardado na minha memória. Isso ninguém, nem sua precoce partida irá tirar de mim. 

Agradeço todos os dias por ter dividido tudo isso com meu Pai. Fico feliz quando escuto de amigas, colegas ou de pessoas que acabo conhecendo, que tiveram e têm momentos como os que eu tive. Quem ainda pode usufruir desse amor e dessa “PAI-CERIA” aproveite muito. 

Sinto sua falta para comemorar ou reclamar dos jogos; sinto sua falta para debater futebol; sinto sua falta para ler meus textos e falar onde “deveria melhorar”; sinto falta de sentir vontade de ir para o estádio; sinto falta de entrar em um estádio sem chorar; sinto falta de olhar para o lado e te ver, Pai. 

Pai, feliz seu dia, onde estiver!! 

Obrigada por tudo que me ensinou e por todo amor repassado. 

Amo ontem, hoje e sempre!!

Por Aline do Valle


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