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Eu, nos meus 20 anos vividos, sendo uma criança que acompanhava futebol, afirmo, colocaram um fim no futebol raíz.
Desde o início, o futebol era visto em estádios abertos, mas tivemos uma grande evolução com o passar dos anos, transformando então nas ‘canchas com arquibancada’, sendo permitido todos os tipos de comemorações, entre elas, uma que eu vivi e tenho orgulho, a famosa Avalanche.
Atualmente, tudo mudou, os estádios têm as cadeiras, e nem podemos cogitar não ficar sentados durante uma partida, que alguém que está atrás xinga, e consequentemente, acaba virando uma briga desnecessária.
No futebol raíz ninguém se incomodava com as famosas “cornetas”, aceitava, e ainda retrucava, hoje, tudo gera motivo para confusões, dentro e fora dos estádios.
Infelizmente, junto com o estádio e as pessoas que nele convivem, o amor à camisa também mudou, vemos muitos jogadores nos Clubes com aquela raça, com a vontade de jogar, mas também vemos aqueles que estão ali apenas pelo dinheiro proporcionado. Tenho para mim que jogadores contratados devem sim, não apenas vestir a camisa, mas viver ela junto com o torcedor, sentir a energia de quem está assistindo e torcer junto, quando o estádio estiver em um “baixo tom”, pedir para que aumente, mostrar ao torcedor que isso impulsiona quem está em campo.
A proibição de cerveja no estádio e a nova torcida mista em alguns clássicos também ocorreram. A proibição da cerveja se deu por conta de brigas, muitos achavam que era um incentivo, mas a proibição mostrou que não, a cerveja não era um incentivo, as brigas continuaram e o famoso banho de cerveja não ocorreu mais.
A torcida mista, na minha opinião, e acredito que muitos pensam assim, é apenas mais um “empurrãozinho” pra uma confusão, assim como ocorreu no último GreNal após a vitória de 1×0 do Grêmio, que uma torcedora Gremista e seu namorado foram agredidos na saída do estádio. Existe sim a rivalidade, mas, infelizmente, uma parte sempre acaba partindo para a agressão, e não é essa a intenção desse setor.
Precisamos voltar ao futebol raíz, as comemorações, aos recebimentos dos jogadores com o alentaço liberado, precisamos voltar ao que era com um rival tocando corneta no outro sem se tornar uma confusão! Mas, no futebol também vieram as mudanças boas, essas que ainda seguem evoluindo e trazendo a nós mulheres um espaço na torcida. Quando que poderíamos imaginar uma mulher na arquibancada torcendo junto com um homem sem escutar pelo menos um xingamento? Existe ainda, claro, como eu disse, estamos em constante fase de evolução, e logo nosso espaço será maior.
Hoje existem consulados femininos, mulheres que viajam para acompanhar os times, coisa que antes nem cogitava existir pelo preconceito.
Ainda existem comentários machistas sobre a nossa presença, não só na arquibancada, mas no estádio em geral, e aos poucos vamos conquistar o nosso espaço e mostrar que sim, nós mulheres também estaremos alentando, viajando, bebendo e torcendo pelo nosso Clube do coração.
Existe um espaço guardado para nós, e iremos atrás dele!
Por Bianca Roos.
*Esclarecemos que os textos trazidos nesta coluna, não refletem, necessariamente, a opinião do Blog Mulheres em Campo.