A tradição da seleção feminina do Japão é notória e ela chega para a disputa da Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2019, sediada pela França, como uma das grandes candidatas a conquistar o título. O Japão está no Grupo D, ao lado da forte Inglaterra, da estreante Escócia e Argentina, com quem faz seu jogo de estreia no dia 10, às 13hs, em Parc Des Princes.
A atual seleção japonesa é formada por jogadoras mais jovens e um pouco inexperientes que fazem parte de um processo de renovação. Mesmo assim, bebem da mesma fonte onde a disciplina técnica é o pilar deste elenco que trabalha muito em cima de infiltrações de linhas e jogadas curtas, com destaque para as cirúrgicas ações das atacantes e meias.
A disputa do Mundial poderá ser um bom momento para que elas alcancem sua melhor forma e um amadurecimento em seu futebol. Quem está no comando é Asako Takukara, ex-jogadora que defendeu o país nas Copas de 1991 e 1995 e nos Jogos Olímpicos em 1996. Ela foi escolhida para assumir o lugar do ex-técnico Norio Sasaki depois que ele não conseguiu a classificação do grupo para a disputa dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016.
Sob a batuta de Takakura, o grupo conquistou o Mundial Sub-20, em 2018, ao derrotar a seleção espanhola por 3×1, na França. O título veio para enriquecer o hall de conquistas da seleção asiática que já foi campeã mundial com a sub-17, em 2014, e com a seleção principal em 2011. É o único país a conquistar títulos nas três categorias do futebol feminino. Além disso, comemorou grandes conquistas como derrotar o Brasil e empatar com os EUA e a Alemanha, em competições internacionais, no ano corrente.
Apesar das conquistas e de ter realizado um excelente trabalho nas seleções de base do país, a técnica ainda busca firmar seu nome no posto de comandante para rebater insistentes críticas. Por muitos especialistas, ela é apontada como inconstante em suas escalações, por vezes consideradas experimentais demais para os padrões anteriores. Esta será sua grande oportunidade de mostrar sua competência e consolidar sua trajetória na seleção.
Para isso, ela conta com o apoio de algumas veteranas, todas na casa dos trinta anos, convocadas para a competição: a lateral Aya Sameshima, a volante Rumi Utsugi e a capitã Saki Kumagai, considerada uma das melhores defensoras da modalidade no mundo e que defende o Lyon, time francês.
Outro destaque deste grupo é a atacante Mana Iwabuchi, que disputará sua terceira Copa do Mundo, e que no Mundial Sub-17, em 2008, ganhou a Bola de Ouro com apenas 15 anos. A jogadora, que atuou por três temporadas no Bayern de Munique, é a estrela do ataque e consegue desequilibrar os adversários com sua habilidade em avançar ofensivamente em lances individuais. Outro nome de peso é a meia Yui Hasegawa, também campeã mundial sub-17.
Incontestável é a evolução japonesa no futebol feminino ao longo das últimas décadas e todo o trabalho realizado com afinco por jogadoras e comissão técnica rendeu bons frutos. Mesmo com poucas participações expressivas em edições anteriores da Copa do Mundo, a seleção japonesa chegou ao patamar máximo ao sagrar-se campeã mundial em 2011, com uma vitória surpreendente em cima das favoritas americanas na final.
Tornou-se assim a única seleção oriental a alcançar a taça na competição onde o grande destaque foi a meia Homare Sawa, que causou um verdadeiro estrago nas defesas oponentes. Por suas brilhantes atuações foi eleita a melhor jogadora da edição e recebeu a Chuteira de Ouro pelos cinco gols marcados durante o torneio. A cereja do bolo foi ter sido agraciada pela FIFA com a Bola de Ouro, no mesmo ano, superando a brasileira Marta e a americana Abby Wambach.
O crescimento do futebol japonês se manteve e culminou em nova disputa de final, desta vez em 2015, onde levaram o troco das americanas e ficaram com o vice-campeonato. Esse jogo, inclusive, foi o mais assistido na história americana e bateu o recorde de 750 milhões de telespectadores.
Carla Andrade