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É raro um treinador se identificar com um clube de forma que sua torcida o ovacione, mesmo quando ele deixa o cargo. Chega a ser irreal, imaginar um estádio com 45 mil pessoas gritando o nome, fazendo-o ecoar pelos quatro cantos, demonstrando amor e gratidão, levando o Maestro as lágrimas. Seria assim, se não fosse Adenor Leonardo Bachi. Seria assim, se não fosse o maior treinador da história corinthiana.
A história de Tite e do Corinthians, assim como nos contos mais fabulosos tem capítulos trágicos, antológicos, alegres e gloriosos. Às vésperas do aniversário de Tite, relembraremos cada página dessa incrível história de amor ao Corinthians e com o Corinthians, afinal é o Tite do Corinthians ou o Corinthians de Tite?
Uma história de inúmeros capítulos
Tite se apresenta inicialmente a Fiel, como antagonista, como adversário na final da Copa do Brasil de 2001. No embate contra o Corinthians de Luxemburgo e Marcelinho, o Grêmio de Tite e Danrlei levou a melhor ,após um empate no Olímpico por 2×2 e uma vitória no Morumbi por 3×1. Quis o destino que o primeiro título nacional do treinador, fosse contra o time que lhe renderia suas maiores glórias no futebol…
Anos depois, Tite chegava ao Corinthians, vindo do São Caetano onde montou a base da equipe Campeã Paulista de Muricy. O ano era 2004, e o time estava a beira do rebaixamento na 18º colocação do Nacional. Oswaldo de Oliveira havia sido demitido depois de uma sonora goleada para o Atlético-GO, por 5×0 em pleno Pacaembu e assim, a primeira façanha de Adenor seria feita!
Tirando leite de pedra, o treinador levou o time a 5º colocação, estreando num Majestoso, que terminou empatado por 1×1. Sendo imprevisível como em qualquer história, o destino se encarregou de colocar o São Paulo novamente no caminho do treinador corinthiano. Foi também em um Majestoso, que a primeira passagem de Tite se encerrou…
Em 2005 a MSI mandava e desmandava no alvinegro, mas Tite não foi omisso. Tendo de controlar o ego de estrelas como Carlitos Tevez, Roger Flores e de Kia Joorabchian, que se considerava o dono do clube e que pedia a demissão do treinador diariamente, chegando até mesmo a negociar com Luxemburgo, Tite teve a gota d’água, quando escolheu Coelho para cobrar uma penalidade e foi questionado.
A primeira passagem de Adenor no Corinthians, durou menos de um ano.
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Para Kia, era Tevez quem deveria bater o pênalti. O time estava perdendo por 1×0, o jogo passava dos 43 do segundo tempo e para desespero de Tite, Coelho desperdiçou a cobrança. A discussão entre o treinador e o mandatário, foi enérgica no vestiário e após reuniões da diretoria, a primeira passagem de Adenor no Corinthians se encerrava. Ao todo foram 51 jogos, 24 vitórias, 15 empates e 12 derrotas no comando da equipe.
Em sua despedida Tite disse: “um dia volto para terminar o que não deixaram…”. E assim foi!
Do inferno ao céu!
Em 2007 quando o Corinthians viveu o momento mais difícil de sua história, a contratação de Ade, chegou a ser questionada, mas não era o momento. Antes de retornar ao lar, Tite teve passagens pelo Atlético-MG, Palmeiras, Al Ain, Internacional, onde foi campeão da Copa Sul-Americana, história essa que já contamos, e por fim o Al-Wahda. No clube dos Emirados Árabes, Tite disputaria o Mundial de Clubes de 2010, mas não hesitou em aceitar a proposta corinthiana, e com menos de 2 meses, deixou o Al-Wahda, rumo ao Parque São Jorge.
Faltando apenas oito partidas para o fim do Brasileirão, Tite novamente tinha a missão de reerguer o Corinthians. Sua estreia foi novamente num clássico. Desta vez um Dérbi, vencido pelo alvinegro por 1×0.
Depois de ficar dez partidas sem vencer sob o comando de Adilson Batista, o Corinthians terminou na 3º colocação e com invencibilidade de oito jogos. Assim o time se credenciou à disputa da pré libertadores em 2011…
Ahhhhh o Tolima… como esquecer? Como entender? Era mais um capítulo inexplicável dessa história moldada pelos Deuses do futebol.
Fomos eliminados. Motivo de chacotas. A história de Tite e do Corinthians foram marcadas, como se usassem brasa, pela eliminação para a desconhecida equipe colombiana. Dias depois, a debandada começou. Ronaldo anunciou sua aposentadoria, Dentinho, Bruno César e Roberto Carlos deixaram o clube. A torcida impaciente pedia a cabeça de Adenor, mas para a nossa sorte, Andrés Sanches bancou a permanência do professor e tenho certeza de que se nos contassem o que aconteceria, atônitos diríamos que era impossível.
Seria hipocrisia dizer que fiquei feliz com a permanência de Tite. Só conseguia pensar em como um time galático conseguiu ser eliminado por um time até então desconhecido, mas Adenor, com trabalho e raça, calou a todos os críticos!
Após a eliminação, restava as justificativas. Foto: Espn
Era o momento de “fechar a casinha” e recomeçar. No Paulista o time levou o vice-campeonato e no Brasileiro, Tite teve sua primeira glória no Corinthians.
Nas dez primeiras partidas do Nacional, foram nove vitórias e um empate, garantindo a liderança isolada. O Corinthians oscilou no campeonato e a torcida novamente pediu sua saída, mas com 4 vitórias seguidas, o time chegou a última rodada com dois pontos de vantagem para o vice-líder, Vasco da Gama.
A partida do título, foi novamente um Dérbi. Sim, a história de Tite e do Corinthians é marcada por coincidências. Em um empate por 0x0, contra o arquirrival, o Penta foi conquistado.
Tite levou o time ao Pentacampeonato Brasileiro. Foto: IG Esportes
Da América ao Mundo!
A Libertadores era o sonho de qualquer corinthiano. Quantas vezes idealizamos a conquista da América, sonhamos com o dia em que o continente seria colorido com nossas cores e que os rivais seriam calados e se curvariam diante do Corinthians? Pois graças a Tite, esse sonho se tornou realidade!
Partindo de um empate com o Deportivo Táchira, sentindo o coração gelar no Pacaembu lotado após a falha de Alessandro diante do Vasco e com Adenor nas arquibancadas, após ser expulso por reclamações, vendo o show de Sheik na Vila Belmiro e a Frieza de Romarinho em La Bombonera, no dia 04 de julho de 2012, Tite emancipava o Corinthians. Tite, levava a Fiel a loucura!
Invictos, de forma irrepreensível, a América era nossa. Em casa, na nossa maloca, o Corinthians derrotou o Boca Juniors em mais uma partida épica de Emerson Sheik, e a única taça que faltava em nossa galeria, finalmente chegava.
Contra o Vasco, Tite viveu um dia de Corinthiano. Com o gol de Paulinho,
o treinador foi a loucura nos braços da Fiel Torcida. Foto: Globo Esporte
A conquista do Mundial foi a “cereja do bolo” alvinegro. Tite foi eleito o melhor técnico do torneio, superando Rafa Benítez. Sua equipe, chamou a atenção do mundo, ao vencer o Chelsea por 1×0, com gol de Paolo Guerrero. Parar o campeão da Champions e levar ao Japão, mais de 30 mil loucos, causou admiração de muitos jornalistas. O técnico que construiu sua jornada, com placares magros e muitas vezes sendo chamado de retranqueiro, mostrava que realmente, a defesa é o melhor ataque, e afirmava a Titebilidade.
Tite conquistou o Mundo comandando o Corinthians. Foto:F5-Uol
No Corinthians, Tite ainda garantiu mais dois títulos, o Paulista e a Recopa de 2013. Depois de uma fraca campanha no Nacional e na Copa do Brasil, a diretoria optou por não renovar o vínculo com a Adenor. Assim, chegava ao fim a segunda passagem de Tite no Corinthians, mas nada não passou de um até breve!
A Fiel se rendeu ao Mestre e em sua despedida, fez questão de deixar claro que esperava o retorno do ídolo, ansiosamente. As inúmeras homenagens levaram Tite as lágrimas, e o sentimento de gratidão era mútuo.
O retorno… e adivinhem o que aconteceu?
Mano Menezes assumiu o Corinthians em 2014, enquanto isso, Tite estudava almejando a Seleção. Quando Dunga foi anunciado, Tite decepcionado, recusou propostas de grandes equipes do futebol mundial, e como ele mesmo disse “colocou a cara novamente para bater”, confirmando sua terceira passagem no Corinthians, para delírio da Fiel.
2015 foi um ano surpreendente. Os ídolos das gloriosas campanhas de 2012, deixaram o clube após eliminações, os jornalistas, colocavam o Corinthians como franco concorrente ao rebaixamento e até mesmo a torcida estava desconfiada. Subestimaram a fera!
Tite novamente fechou a casinha, valorizou a equipe e principalmente a defesa, recuperou atletas até então desacreditados, e deu resultado. O Timão, liderou isoladamente o Brasileirão, sagrando-se campeão com 81 pontos e três rodadas de antecipação. Com o melhor ataque e a melhor defesa, a conquista, foi mérito do treinador, a coroação de sua inteligência e visão técnica e tática.
Tite ganhou o Brasileiro de 2015 de maneira espetacular. Foto: ICFut
O clamor da Nação Brasileira por Tite na seleção só aumentou, após a conquista e o amor pela Fiel, aliás o amor da Fiel, cresceu exponencialmente. Sabíamos que sua saída era inevitável, que teríamos de deixar nosso mestre realizar seu sonho…
Em 15 de junho de 2016, Roberto de Andrade anunciou a despedida de Tite. E a Fiel, mais uma vez, se curvou diante do Maestro, mostrando sua eterna gratidão.
Muito além da Titebilidade
Quando pensamos em treinador identificado com um clube logo pensamos em sir Alex Ferguson, que passou incríveis 27 anos no comando do Manchester United e a Fiel, tem certeza, de que se não fosse o chamado da seleção, Tite seria o “Ferguson” do Corinthians. Não há no futebol brasileiro, treinador que tenha a confiança de uma torcida, como Tite tem a da Fiel.
Adenor demonstrou ao longo de suas três passagens pelo Corinthians, que caráter e amor a camisa, ainda existem no futebol. Nunca pensei que iria idolatrar um treinador, nunca pensei que me renderia a inteligência de um Maestro, e nesse momento é impossível controlar as lágrimas, e só consigo torcer por suas glórias e pelo sucesso profissional. Sou devota de São Adenor das causas impossiveis e testemunha de seus maiores feitos!
Sempre que vem a Arena, Tite é ovacionado e o seu nome ecoa pelos cantos do estádio, Tite é imortalizado na história do Corinthians e contamos os segundos para o retorno do Ídolo!
Adenor é ídolo, Adenor é Corinthians!
É festa na Favela! Ta chegando a hora…Parabéns Tite!
Ao mestre com carinho….Por Mariana Alves, uma vida de amor a Adenor!